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A mostrar mensagens de maio, 2024

Uma Teoria de Todos, por Michael Muthukrishna

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O livro “A Theory of Everyone: Who We Are, How We Got Here, and Where We’re Going” (2023) de Michael Muthukrishna é um sucessor de um conjunto de livros que usam a ciência para construir e apresentar uma visão global do ser humano neste planeta — tais como “Sapiens” (2011) de Y. N. Harari , “Guns, Germs and Steel” (1997) de Jared Diamond , e “ Cosmos ” (1980) de Carl Sagan —, indo mais longe, porque recorre ao conhecimento mais atual da ciência, mas mantendo as fragilidades naturais da generalização de sistemas complexos. Como tal, deve ser lido como uma narrativa em busca de uma visão agregadora de valor e significado, sabendo que a natureza não é planeada, mas improvisada. Ou seja, apesar da enorme credibilidade da argumentação apresentada por este autor, e pelos anteriores, é sempre necessário manter o véu da dúvida ativo.  Estas narrativas são imensamente atrativas para os nossos cérebros que estão desenhados para a construção de padrões e atribuição de significados. Tudo para nós

Adão e Eva

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Tinha gostado muito de “The Swerve” (2011) , e posso dizer que “ The Rise and Fall of Adam and Eve: The Story That Created Us ” (2017) não me desiludiu, ainda que esteja alguns pontos abaixo em termos de relevância e coesão. O foco deste trabalho é o significado da representação cultural de Adão e Eva desde os tempos da Babilónia. Greenblatt realiza uma viagem impressionante ao longo de 5 milénios, ainda que os pontos altos destaquem 3 grandes autores — Agostinho, Dürer e Milton. Ao longo das páginas ficamos a saber muito do que sabíamos, mas imenso do que desconhecíamos sobre a história e durabilidade do mito. Greenblatt refere-o como o mais duradouro, o que talvez não seja difícil explicar já que se trata de uma história sobre a Origem, mas é também uma história sobre um dos processo centrais da na nossa espécie, o sexo, e por fim, um mito que só pôde ser completamente derrubado em 1859 por Darwin. Greenblatt fez um levantamento sobre as origens do mito, assim como sobre os maiores r

A Idade do Ferro (1990)

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Existe algo na escrita de Coetzee que me atrai e que faz com que me sinta sugado para dentro do mundo descrito nas suas páginas de cada vez que recomeço a sua leitura. Não há nada de muito especial em termos de narrativa ou de personagens, é mesmo o mundo criado e representado, com o Apartheid por detrás, que atrai toda a minha atenção e me faz seguir com enorme curiosidade a cuidada descrição de Coetzee. Neste livro seguimos uma professora universitária reformada que se envolve com um sem abrigo que vem parar à sua rua e com os filhos da sua empregada doméstica. Nesse envolvimento, dá-se conta de uma revolta que acontece nas escolas do país e depois do modo como a polícia lida com o assunto. Passa-se muito pouco à superfície, mas é no trabalho realizado por nós de completar tudo com o conhecimento do regime político da África do Sul que tudo ganha grande envolvência, fazendo com que, enquanto o lia, sentisse ansiedade por voltar continuamente àquele pequeno espaço mental criado pelo l