Adão e Eva

Tinha gostado muito de “The Swerve” (2011), e posso dizer que “The Rise and Fall of Adam and Eve: The Story That Created Us” (2017) não me desiludiu, ainda que esteja alguns pontos abaixo em termos de relevância e coesão. O foco deste trabalho é o significado da representação cultural de Adão e Eva desde os tempos da Babilónia. Greenblatt realiza uma viagem impressionante ao longo de 5 milénios, ainda que os pontos altos destaquem 3 grandes autores — Agostinho, Dürer e Milton. Ao longo das páginas ficamos a saber muito do que sabíamos, mas imenso do que desconhecíamos sobre a história e durabilidade do mito. Greenblatt refere-o como o mais duradouro, o que talvez não seja difícil explicar já que se trata de uma história sobre a Origem, mas é também uma história sobre um dos processo centrais da na nossa espécie, o sexo, e por fim, um mito que só pôde ser completamente derrubado em 1859 por Darwin.


Greenblatt fez um levantamento sobre as origens do mito, assim como sobre os maiores responsáveis pela sua manutenção e impulsionamento. Nesse sentido, toda a discussão em redor de Santo Agostinho (354-430) é muito rica pelo modo como liga a sua passagem da descrença à crença ao mito, com toda a discussão sobre a culpa e o pecado a ser trabalhada na sustentação do mesmo. Com a mesma profundidade, é realizado o trabalho de análise da vida e obra de John Milton, nomeadamente ao seu maior legado “Paraíso Perdido” (1667).

"Adão e Eva" (1504) por Albrecht Dürer

Longe de ser uma leitura obrigatória, é uma leitura que oferece algumas visões novas, e acima de tudo estabelece uma cronologia de significado sobre o mito de Adão e Eva. Ainda assim, por vezes senti algum excesso de ultra-interpretação sobre os dados históricos utilizados.

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