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Velar por Ela (2023)

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“Velar por Ela”, de Jean-Baptiste Andrea, ganhou o Goncourt 2023 , o principal prémio literário francês, através de um desempate realizado pelo presidente depois de 14 rondas a terminarem 5 contra 5. “Sarah, Susanne et l'écrivain” de Eric Reinhardt, o candidato natural a este tipo de prémio, ficou pelo caminho. Dito isto, “Velar por Ela” afasta-se das convenções dos prémios literários não conotando com complexidade, profundidade nem singularidade. Contudo, a história é original, a escrita é poética e fluída, e a trama enreda-nos em velocidade e até à última página. O cenário é uma aldeia no norte de Itália atravessado por toda a primeira parte do século XX. O nó do conflito centra-se sobre a amizade improvável entre uma menina da alta, Viola, intelectualmente dotada mas retraída pela família e costumes, e um jovem anão, Mimo, sem família nem posses, mas com um dom de génio para a escultura. Um cenário que nos transporta para o “Cinema Paradiso” (1988), com peripécias dignas de “ O ...

Guerra dos Mundos (2019)

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Nunca fui grande fã da "Guerra dos Mundos" (1897) de H. G. Wells, apesar de ter achado interessante a dramatização homónima (1938) para rádio de Orson Welles, mais pelo impacto social que produziu . Depois, os filmes homónimos de Byron Haskin (1953) e Steven Spielberg (2005) , também pouco me disseram. A razão principal para este meu desligamento tem que ver com o enfoque total no evento, a chegada de extra-terrestres inimigos, e nas suas consequências macro para a humanidade, sem haver uma efetiva dramatização, ou seja, uma perspectiva humana recortada de modo a permitir a nossa inclusão dentro do mundo. Na verdade, julgo que essa perspectiva faltou na obra original e suas adaptações pelo facto de se ter optado por manter um manto de desconhecido sobre os extra-terrestres. Ou seja, se não sabemos nada sobre eles, torna-se impossível criar variabilidade dramática nos humanos, uma vez que em face do desconhecido o humano só pode reagir pelo medo. Não havendo estímulos à signi...

As Memórias do Livro

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Texto salvo da conta Substack que criei em julho 2023 e apaguei em dezembro 2023. --- Premissa excelente, notável investigação e até um interessante enquadramento ficcional, mas que acaba a falhar na dramatização. “As Memórias do Livro” (2008) procura ficcionar a verdadeira história de sobrevivência, ao longo de 500 anos, do manuscrito “Hagadá de Sarajevo” (1492). O manuscrito regista várias particularidades: é um texto que aborda a visão judaica do mundo, tendo sido por várias vezes salvo da destruição por guardadores judeus, muçulmanos e cristãos; é um livro de iluminuras repletas de representações humanas, imagens proibidas tanto por judeus como muçulmanos; é um livro feito de grande luxo — folhas de velino de pele de bezerro, ilustradas a folha de ouro e lápis-lazúli (ver vídeo de fac simile )— contudo não se conseguiu até hoje identificar quem o fez, desenhou ou encomendou; e por fim, escapou à expulsão dos judeus de Espanha em 1492, escaparia novamente à censura em Veneza no sécu...