"Caderno Proibido" de Alba Céspedes

Depois de Elena Ferrante ter dito que Alba Céspedes tinha sido uma das suas maiores influências, foi a vez de Annie Ernaux, Nobel 2022, dizer: "Ler Alba de Céspedes foi, para mim, como entrar num universo desconhecido". A influência em Ferrante é por demais evidente, já sobre o universo desconhecido diria não e sim. Em "Caderno Proibido" (1957) Céspedes fala-nos de uma mulher de 43 anos, casada, mãe de dois filhos, classe-média, que vive numa Itália do pós-guerra, 1950, e que decide comprar um diário para pela primeira vez começar a exprimir os seus pensamentos, sentimentos e desejos. Ou seja, tematicamente, nada de mais próximo, comum e aparentemente acessível. Contudo, a forma como Céspedes representa a realidade da visão interior de Valeria apresenta uma magnitude de aprofundamento psico-social como nunca antes vimos. "O Caderno Proibido" abre com a singela frase — "Fiz mal em comprar este caderno, mesmo muito mal. Mas agora já é tarde de mais para...