A genealogia de um assassino
O suspense é bem desenvolvido e mantido, mesmo que estejamos à espera de um pouco mais. Esta é uma das primeiras impressões que podem ter "The Breakthrough" (2024), uma série policial em quatro partes da Netflix que dá conta de um um acontecimento real, ocorrido na cidade de Linköping, Suécia, em 2004, quando um duplo homicídio (incluindo uma criança de 8 anos) foi perpetrado num bairro residencial, às 8h30 da manhã, não tendo sido encontrado o assassino durante 16 anos, apesar da investigação ter sido mantida sempre ativa. A resposta aos familiares das vítimas só chegaria em 2020, depois de se ter recorrido a um método comercial de reconstrução de árvores genealógicas familiares.
Cada episódio tem cerca de 40 minutos, o que faz com que a experiência completa tenha pouco menos de três horas, ou seja, poderia ter sido um filme. Não teria sido diferente, pelo menos em termos da experiência de binging, mas destaco o tom estético da série que é altamente coerente, apoiado por desempenhos fortes, dando-nos muito tempo para refletir sobre as questões por detrás do crime. Desde a cinematografia fria às composições simples centradas nos personagens, tudo trabalha para criar uma tensão enquanto se vai alimentando a empatia para com os múltiplos personagens.
Embora se trate de uma história de crime, há um fluxo subterrâneo sobre a emigração, a doença mental e a culpabilidade a que se juntam justiça e vingança. Estes elementos instigam o espetador a questionar não só “quem é o culpado”, mas também “porque é que” surgem estes crimes e como é que poderiam ser efetivamente evitados.
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