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Tolstoy e o Desejo

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Vivemos num tempo em que o desejo, tornado visível, continua a provocar desconforto e julgamento. Não é um fenómeno novo. Desde sempre que os corpos, os rituais sociais e os jogos de sedução ocuparam o centro da atenção moral e da vigilância do olhar. A crítica à exibição feminina e ao erotismo público é antiga, e talvez nenhum texto a exponha com tanta crueza como " A Sonata a Kreutzer " (1889), de Lev Tolstói. "The Kreutzer Sonata" (1891) de René-Xavier Prinet Escrito no final do século XIX, este pequeno romance revela a forma como o desejo masculino se mistura com o ciúme, a violência e a crítica moral à liberdade das mulheres. Tolstoy não fala de redes sociais, mas fala de bailes. Não comenta o digital, mas descreve as missas dominicais onde as mulheres são exibidas como flores frescas e os homens circulam em busca de escolha. O que encontramos ali, nas palavras do narrador, tantas vezes odiosas, mas também lúcidas, é um retrato fiel das mesmas forças que conti...

Eugénia Grandet

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“Eugénie Grandet” (1833) é a par com “Le Père Goriot” (1835) e “Illusions Perdues” (1843) , uma das obras mais referenciadas da imensa produção de Balzac que forma um todo identificado como “La Comédie Humaine” com 91 livros. “Eugénie Grandet” forma um claro par com “Le Père Goriot” pelo tema que envolve o reconhecimento social baseado no dinheiro e como isso afeta ou cria disfunções no seio familiar. Não posso dizer que o tema me tinha dito muito, apesar de reconhecer a excelência do trabalho de Balzac no desenho dos comportamentos de cada personagem: o pai avarento e inflexível, a filha submissa e votada à infelicidade, e o sobrinho da alta parisiense a quem apenas interessa garantir o seu nível de boa vida. Como nos seus restantes livros, temos muita descrição na contextualização introdutória, mas realizada, arranca por uma senda de conflitos e pequenos acontecimentos que tornam a leitura imparável. No final, não fica nenhuma grande lição para os dias de hoje. O livro é um produto...