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Nexus (2024)

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Este é o 4º livro de Harari que leio, depois de " Sapiens " (2011), " Homo Deus " (2015) e " 21 Lições " (2018), pelo que a minha experiência de leitura refletirá essas mesmas leituras prévias. Assim, se leram os livros anteriores, não esperem encontrar aqui qualquer nova ideia. Harari mantém-se colado aos temas desses livros prévios, com maior ênfase em Homo Deus e 21 Lições . O que Harari aqui tenta fazer novo é criar um modelo de análise política baseado em sistemas de informação, recorrendo a todo o seu conhecimento de História, juntando-o à sua sagacidade de análise e interpretação dos sinais contemporâneos. Contudo, esse modelo que parece ser o ponto de arranque do livro, e do próprio título, depressa passa a segundo plano para se centrar no que mais gosta de fazer, as análises de casos — questões éticas sobre política e  tecnologia — a partir do que vai realizando pequenas abstrações sobre a realidade.  O modelo que Harari começa por tentar desenha...

Velar por Ela (2023)

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“Velar por Ela”, de Jean-Baptiste Andrea, ganhou o Goncourt 2023 , o principal prémio literário francês, através de um desempate realizado pelo presidente depois de 14 rondas a terminarem 5 contra 5. “Sarah, Susanne et l'écrivain” de Eric Reinhardt, o candidato natural a este tipo de prémio, ficou pelo caminho. Dito isto, “Velar por Ela” afasta-se das convenções dos prémios literários não conotando com complexidade, profundidade nem singularidade. Contudo, a história é original, a escrita é poética e fluída, e a trama enreda-nos em velocidade e até à última página. O cenário é uma aldeia no norte de Itália atravessado por toda a primeira parte do século XX. O nó do conflito centra-se sobre a amizade improvável entre uma menina da alta, Viola, intelectualmente dotada mas retraída pela família e costumes, e um jovem anão, Mimo, sem família nem posses, mas com um dom de génio para a escultura. Um cenário que nos transporta para o “Cinema Paradiso” (1988), com peripécias dignas de “ O ...

Lembrança do Passado da Terra

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“A Morte Eterna” é um livro verdadeiramente inebriante. Sendo a terceira parte de uma saga, vem munido de um extenso contexto que lhe permite trabalhar amplamente as reviravoltas de enredo que agarram a nossa atenção. Por outro lado, quantas terceiras-partes conhecemos que vão verdadeiramente além da obra original? É-me muito difícil dar conta da intensidade da experiência desta leitura, porque Liu Cixin junta o melhor da arte de contar histórias com o melhor da ciência. Cixin consegue imaginar, especular, a representação de uma realidade futura de tal forma factual que quase parece estar a escrever uma ficção histórica, talvez não por acaso o título da trilogia foi estabelecido como " Lembrança do Passado da Terra ". A quantidade de conceitos elaborados e os enredos construídos em redor desses é estonteante, dando conta de um virtuosismo singular, não na forma escrita, nem na construção dos personagens, mas na capacidade de criar mundos e fazer-nos passear dentro deles atrav...