"Sentimental Value" (2025) de Joachim Trier
"Sentimental Value" solicita um investimento excessivo do espectador, sem que a sua arquitetura narrativa o sustente o suficiente. A sequência inicial, marcada por autoconsciência e teatralização, compromete desde cedo o pacto de adesão, ao expor os seus próprios dispositivos antes de instaurar densidade dramática. Em lugar de permitir que os afetos emerjam progressivamente da ação, o filme apoia-se reiteradamente em pausas formais, ecrãs negros e mecanismos de explicitação indireta que operam mais como sinais de profundidade do que como aprofundamento da experiência. Ainda assim, é possível identificar momentos de autenticidade que emergem apesar das fragilidades estruturais do conjunto. A saída de Elle Fanning introduz um princípio de fricção e de deslocamento interno que o filme até então evitara. A partir daí a personagem da irmã mais nova, interpretada por Inga Ibsdotter Lilleaas, afirma-se em crescendo como o verdadeiro eixo emocional da narrativa. É sobretudo no seu co...