Preferia Não o Fazer

Durante anos, mantive uma distância cautelosa de Herman Melville. A leitura de "Moby Dick" (1851) deixou-me com a sensação de um autor excessivamente enredado em descrições prolixas e atmosferas densas, características que me afastaram do seu universo literário. No entanto, ao deparar-me com "Bartleby, o Escrivão" (1853), fui surpreendido por uma narrativa que se desvia radicalmente daquele estilo: direta, sucinta e despojada. A estranheza foi tal que tive de confirmar duas vezes se o autor era o mesmo. "Bartleby" apresenta-se como uma anomalia literária do século XIX, antecipando preocupações formais e temáticas que só viriam a ser plenamente exploradas no modernismo do século XX. A escrita de Melville aqui é contida, quase minimalista, contrastando com o seu estilo anterior. Esta mudança não é apenas estilística, mas reflete uma profunda transformação na abordagem do autor à narrativa e ao significado. Neste texto, proponho uma reflexão sobre como ...