Paradise (2025)

A nova série Paradise, da Disney, trouxe uma promessa ambiciosa: um thriller político pós-apocalíptico com uma estética trabalhada e um ritmo narrativo intenso. Criada por Dan Fogelman, a série apresenta um cenário intrigante – um bunker subterrâneo no Colorado, anos após um evento catastrófico, onde um agente do Serviço Secreto (Sterling K. Brown) investiga o assassinato do Presidente dos EUA. Mas, para além do enredo, o que me capturou foi a sua abordagem estética e estrutural – e, infelizmente, também a sua incapacidade de manter a excelência inicial.

Os primeiros dois episódios de Paradise estão entre o melhor que já se fez em televisão. A série inicia com um impacto tremendo, criando uma tensão quase palpável através da montagem ágil, dos enquadramentos precisos e da utilização de silêncios e diálogos afiados. Há um minimalismo visual que funciona magistralmente – a contenção da mise-en-scène amplifica o sentido de urgência, obrigando o espectador a absorver cada detalhe com uma atenção intensa. O final do primeiro episódio é um verdadeiro murro no estômago, seguido por um segundo capítulo que mantém esse ímpeto, expandindo o mistério e a complexidade das relações entre as personagens.

Depois desse arranque brilhante, a série entra num terreno mais instável. Há momentos bem conseguidos, mas também um arrastamento narrativo que se faz sentir. Certos episódios parecem funcionar como mero enchimento, diluindo a tensão construída inicialmente. A aposta em subtramas que não levam a lado nenhum e o prolongamento desnecessário de certos conflitos retiram força ao arco principal. A montagem, que nos primeiros episódios era vertiginosa e calculada, começa a perder precisão, tornando-se mais funcional do que expressiva.

E então chega o episódio 7. Aqui, a série volta a atingir o nível do início, entregando um dos tratamentos mais impactantes do colapso de uma sociedade que já vi. Há um peso emocional, uma urgência e uma sensação de desespero que transcende a narrativa habitual de ficção científica. Visualmente, é uma peça de mestre – a luz, os enquadramentos, o uso do espaço e dos tempos mortos criam um ambiente sufocante, carregado de significado. Neste episódio, Paradise encontra o seu coração e entrega aquilo que prometeu desde o início.

Mas, no episódio 8m temos im final que não só falha em manter o brilhantismo do anterior, como desmorona tudo o que a série construiu. A urgência desaparece, a estética perde a precisão, e a narrativa torna-se apenas um artifício para justificar uma futura segunda temporada. É um episódio que não tem peso, que não tem consequência, que parece existir apenas porque os criadores precisavam de manter a porta aberta para continuar a história. Após a brutalidade emocional do sétimo episódio, este desfecho sabe a vazio.

Vale a pena. Apesar do final desapontante, Paradise tem ideias novas, surpreende nos momentos certos e apresenta um trabalho estético notável. Mesmo que algumas abordagens já tenham sido exploradas noutras obras, a série consegue criar a sua identidade própria. O problema não é a falta de qualidade, mas sim a falta de coragem para terminar onde devia: no episódio 7. Resta saber se a segunda temporada conseguirá recuperar o fôlego e justificar o prolongamento.


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Nota: Este texto foi desenvolvido a partir de uma interação com um modelo de linguagem avançado (IA), usado aqui como interlocutor crítico e ferramenta de estruturação.

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