Generalistas e Especialistas, mais uma vez

O tema é extremamente importante, mas o livro, apesar de algumas partes boas, não passa de um conjunto de histórias coladas umas atrás das outras. É jornalismo de ciência, serve bem a quem nunca ouviu falar do assunto, mas o assunto está longe de ser novo. Isto para não dizer que os dotes de contar histórias de Epstein ficam alguns pontos abaixo de outros autores que fizeram carreira na escrita deste tipo de livros — Malcolm Gladwell, Geoffrey Colvin ou Daniel Coyle — criando várias zonas de tédio ao longo do livro, especialmente pela repetição da estrutura dos capítulos — história principal, estudos, histórias — ausente de foco e ligação ao todo.

Concordo que no domínio dos desportos, música e competição a tradição nos tem trazido quase só livros focados no treino intensivo desde cedo, as 10 mil horas — “Outliers: The Story of Success” (2008) de Malcolm Gladwell; “Talent Is Overrated: What Really Separates World-Class Performers from Everybody Else” (2008) de Geoffrey Colvin, ou “The Talent Code: Genius Isn’t Born. It’s Grown. Here’s How” (2009) de Daniel Coyle. Por outro lado, o livro comete os mesmos erros desses outros, ao focar-se em histórias de exceção para crer forçar aquilo que diz ser uma nova regra, para um novo mundo.

Na academia o tema da multidisciplinaridade é algo que vem sendo discutido desde da relevância dos polímatas — de Aristóteles a Leonardo Da Vinci. A maior parte do que David Epstein aqui fala em termos educativos e académicos demonstra um enorme desconhecimento das enormes complexidades inerentes ao tema, algo que foi devidamente apresentado há mais de 50 anos por CP Snow em “The Two Cultures” (1959).

Do livro fica mais um conjunto de metáforas/analogias para classificar a diferença entre estas duas culturas:

  • Tiger (Woods) — Roger (Federer)
  • Depth — Breadth
  • I-shaped person — T-shaped person
  • Frogs — Birds (Freeman Dyson, 2009)
  • Superman —Fantastic Four (Tayler and Greve, 2006)

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