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A mostrar mensagens de dezembro, 2025

Hyperion (1989), com uma visão particular da IA

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"Hyperion" , (1989),  de Dan Simmons, é ficção científica que não procura ser coerente nem imediatamente compreensível. Em vez disso, propõe um universo de estranheza total: neologismos, planetas indecifráveis, entidades mecânicas que ultrapassam o simbólico, e uma política interplanetária que parece surgida de um sonho febril. Mas que funciona, e muito bem.  O primeiro impacto é o da densa arquitetura do desconhecido . Simmons cria um universo que nunca está inteiramente ao nosso alcance, e quer que assim seja. Percebemos que há coerência interna, há um plano, há um mundo firme por detrás das palavras. Mas esse mundo não se abre de imediato. Requer rendição, paciência, e a aceitação de que grande parte do fascínio está precisamente naquilo que não compreendemos . Baseado na estrutura dos " Canterbury Tales " , (1892) de Geoffrey Chaucer, o romance divide-se em seis narrativas contadas pelos peregrinos que se dirigem aos Túmulos do Tempo. É aqui que reside o maior ...

One Battle After Another (2025)

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Há filmes que vivem do excesso, do risco. E há outros que vivem da sensação de risco, sem nunca se aproximrem dele.  One Battle After Another é o segundo caso: um dispositivo de alta energia estética, muito barulho, muita pose, muita coreografia, e uma espantosa ausência de pensamento por baixo do verniz. Isto é um vazio profundo O filme é vendido como sátira política à América polarizada, mas o que encontramos é mais simples e muito mais pobre. Os grupos revolucionários que deveriam carregar uma experiência histórica, um legado de violência, de clandestinidade e de resistência real, aparecem retratados como crianças hiperativas a brincar aos códigos secretos. No extremo oposto, o “vilão” da extrema-direita é uma caricatura que não exige reflexão: basta uniforme, rigidez e frases ocas. No fim, ambos os lados são reduzidos à mesma idiotia simbólica. É o sonho da direita americana: antifa e supremacistas como palhaços equivalentes numa fantasia sem consequências. O mais perturbador...