Os Quatro Reinos da Existência (2023)

"The Four Realms of Existence: A New Theory of Being Human" (2023) não passa de um amontoado de ideias do autor, misturadas com ideias de outros autores, sobre as quais LeDoux foi refletindo enquanto estava preso em casa durante a pandemia COVID-19. Falta-lhe uma ideia, uma estrutura capaz de construir e entregar essa nova ideia, falta muita edição e reescrita.

LeDoux limita-se a juntar tudo num novo envelope a que dá o nome de Quatro Reinos da Existência divididos entre Biológico, Neurobiológico, Cognitivo e Consciente. Não se percebe o que são esses reinos, nem porquê estes quarto e não apenas 3, nomeadamente na relação entre o cognitivo e o consciente, mas não só. Mais à frente resolve pegar no modelo sistema dual da cognição, definido por Daniel Kahneman, para o repropor como sistema trial, acrescentando-lhe os reinos Neurobiológico e Consciente ao cognitivo, deixando de fora o biológico!
 
Mas tudo isto não me chocaria, dado todo o trabalho prévio de LeDoux, o enorme reconhecimento que granjeou ao longo de décadas de investigação. O que me chocou foi ver no meio de toda esta proposta a manutenção da ideia estapafúrdia de que os animais não possuem emoções.
 
Assumir que tudo aquilo que definimos como emoção nos animais é mera projeção antropomórfica é arredar todo o racional evolucionário da equação. Ou seja, os animais, nomeadamente mamíferos, não são de uma linhagem biológica estranha à nossa, não vieram de outro planeta. Por isso brincam, guerreiam, caminham, correm, bocejam, pensam e planeiam. Dizer que não sentem emoção porque não podem expressar, em palavras, o que sentem é refutar a base da formação da vida na Terra. A emoção não é mera exibição ou luxo, a emoção é base essencial da sobrevivência animal.

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