Sete Andares (1937)

"Sete Andares" é um conto de Dino Buzzati, mais conhecido por "O Deserto dos Tártaros" (1940), escrito em 1937, colado ainda ao tempo dos sanatórios (hospitais de repouso e recuperação). Neste caso, o sanatório apresenta sete andares, sendo que à chegada é explicado ao protagonista que os andares estão organizados por ordem de gravidade do estado do doente. No topo, sétimo andar, os menos doentes, quase não doentes, no primeiro andar, os que já quase não têm salvação. O brilho do conto assenta na descrição das percepções que o ser humano cria sobre a doença, e em particular sobre o modo como o facto de lhe ser atribuído um rótulo de gravidade é suficiente para transformar totalmente todo o sentimento de si. Apesar de profundamente psicológico, o facto de Buzzati ter criado um espaço concreto e uma hierarquia desse espaço cria uma metáfora plena dos estados interiores quase impossíveis de materializar em palavras. Curto, profundo e brilhante.

Visualização, em banda desenhada, da estrutura do conto, criada por Sergio Ponchione.


O conto pode ser lido na coletânea "Sessenta Contos" (1958) de Dino Buzzati, editada em Portugal pela Cavalo de Ferro.

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